sábado, 3 de novembro de 2012

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  1. O Preço da Vitória

    No princípio era "um livro grosso".
    Não lhe peguei de imediato, como faço tantas vezes, substituindo um livro, que venho lendo, por outro que, entretanto, me desperta maior interesse e que, por isso, começo logo a ler. A espessura do livro é um obstáculo bem grande. Continuei, portanto, a ler o livro que vinha lendo. Que vinha lendo muito lentamente. Porque eu, quando leio, não leio simplesmente. Eu estudo. E tenho pena de não conseguir assimilar tudo o que estudo. Mas alguma coisa vai ficando na memória e me dá alguma satisfação, enquanto leio, poder compreender muitas situações da vida, através da opinião dos autores. Gostaria de ser escritor, mas também tenho muito gosto em ser leitor. O leitor tem a possibilidade de gostar muito ou gostar pouco de uma obra, e, com isso, tem a possibilidade de aprender com todas as obras que lê. Quando leio, uma coisa que não deixo de fazer é assinalar as expressões polémicas e divergentes, que os computadores não detetam, entre as diferentes escritas dos diferentes autores, e, sendo assim, consigo identificar facilmente os erros gramaticais, como um jogo que acho interessante. Aprecio a construção das frases e a coerência das ideias, muito mais quando as frases as transmitem muito de acordo com a realidade.
    Quando comecei a ler "O Preço da Vitória", comecei a perceber que não iria ser fastidioso, cansativo. Lia-se facilmente e as imagens que as frases sugeriam mostravam muitas situações das vidas das pessoas, daquelas que nós somos, e daquelas que convivem connosco, no dia a dia. Por vezes, certas ideias e certas imagens surgem na mente do leitor, antecipadamente, como se ele as estivesse a adivinhar, como se já as tivesse vivido e como se as estivesse a reviver e a escrever naquele momento.
    Por vezes, vem à mente a ideia de que um livro tão extenso, e tão ordenado, só pode ter sido apoiado numa quantidade grande de apontamentos, num arquivo muito bem feito, ou num diário de muitos anos. E diga-se também numa inteligência prodigiosa e numa memória quase fotográfica.
    Alguém disse que o escritor escreve a obra, mas que o leitor a reescreve. Isto nem sempre é verdade, porque há obras que o leitor lê somente para delas poder tirar algum possível benefício, para pelo menos conhecer o estilo do escritor. Mas nunca seria o seu reescritor.
    Quanto ao "Preço da Vitória", não desdenho de ser um dos seus reescritores, por eu ser um dos seus interessados leitores e também porque, tendo sido professor no inicio da minha profissão na Escola Primária da Rua do Sol, no Porto, era vizinho da Escola Oliveira Martins, que me fazia lembrar a Escola Industrial e Comercial de Vila Real, onde fiz o Curso Geral do Comercio. Que fui valorizando continuando a estudar.
    Começou a interessar-me muito a leitura do livro, porque vivi, ao longo da minha vida, muitas situações parecidas às que o livro relata. Não me sai da mente a imagem dos pirolitos, que se usavam há muitos anos.
    À medida que ia lendo, sempre lentamente, e apreciando os cenários que se iam sucedendo, fui deixando de ver "um livro grosso" e comecei a ver nele "um grande livro".
    Na primeira metade do livro, de uma maneira geral, predominam as cenas simples e as descrições fáceis, porém na segunda metade, as situações tornam-se mais complexas e as explicitações mais eruditas. Talvez tenha sido devido à evolução cultural do Joel, a que não foi alheio o autor.
    "Um livro grosso", "um grande livro", "um bom livro".
    "O Preço da Vitória".
    E por que não "O Prémio da Vitória?"

    João Manuel Vieira da Cunha
    25-05-2015

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